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Por que é importante se atentar ao tom de voz com as crianças?
Todo pai ou mãe já se deparou com uma situação que provoca um tom de voz autoritário com a criança. A paciência acaba, gerando gritos ou um tom ameaçador. O objetivo é ser escutado, obedecido ou simplesmente respeitado, mas nem sempre funciona. A criança se torna cada vez mais rebelde, ou sente-se oprimida.
Já para os pais, após a reação negativa, muitas vezes vem o arrependimento. Sabemos que gritar não educa, além de prejudicar o desenvolvimento infantil.
É por esse, e por outros motivos, que a Disciplina Positiva aborda o tom de voz como recurso educativo e de conexão emocional com as crianças. Quer saber mais sobre isso? Leia nosso artigo!
Você usa o tom de voz adequado?
O tom de voz utilizado para comunicar-se com seus filhos pode dizer a eles muito mais que as suas palavras. A forma como você se expressa transmite o seu equilíbrio emocional e gera uma reação imediata e subconsciente no seu interlocutor. A entonação e modulação da voz fazem a diferença, afinal, a comunicação agressiva gera estresse em todos os envolvidos.
Sabemos que adotar um tom gentil nem sempre é fácil, mas é o mais indicado. Fale com gentileza ao fazer um pedido ou chamar a atenção, de preferência colocando-se na mesma altura da criança. Seu tom de voz deve demonstrar que vocês são companheiros e que se respeitam. De acordo com a Disciplina Positiva, toda criança é um indivíduo observador e aberto ao diálogo.
Caso o nervosismo apareça e você acabe gritando ou sendo agressivo, tente se acalmar. Pare, respire e recupere a paciência. Lembre-se de que essa não é sua melhor versão e que o autoritarismo é prejudicial para ambas as partes. Peça desculpas se perceber que errou.
Ao usar o tom autoritário, a tendência é que a criança seja muito mais resistente a cumprir ordens. Até com os adultos, não é muito diferente: você se sente mais estimulado a fazer algo quando recebe uma ordem dura ou quando recebe uma sugestão?
Como a paternidade severa prejudica o desenvolvimento?
De acordo com pesquisas realizadas pela Universidade de Montreal, a paternidade “severa”, com gritos e brigas, prejudica o desenvolvimento cerebral da criança. No estudo, é explicado que a raiva recorrente, que gera comportamentos como bater, sacudir e gritar, são muito ruins do ponto de vista social e emocional.
Em pesquisas anteriores, já havia sido comprovado que crianças submetidas à abusos possuem córtex pré-frontal e amígdala cerebral menores que a média, sendo essas estruturas relevantes na regulação emocional do ser humano e no aparecimento de transtornos como depressão e ansiedade.
No estudo mais recente realizado com adolescentes com pais rígidos, que gritam e brigam com frequência, foram observadas as mesmas regiões do cérebro, e comprovado que nesses casos também houve desenvolvimento abaixo da média.
Ou seja, para a estrutura cerebral, as consequências dos gritos e brigas são similares às consequências de abusos graves, favorecendo assim o surgimento de transtornos no futuro.
Outras estratégias de comunicação eficaz
Diante da importância do tom de voz gentil na comunicação diária, tanto para um desenvolvimento cerebral adequado quanto para o bem-estar de toda a família, selecionamos ainda algumas dicas para facilitar os diálogos com as crianças. Conheça a seguir outras estratégias de comunicação eficazes entre pais e filhos:
Escuta ativa
Escutar ativamente, isso é, dedicando sua atenção totalmente para aquele diálogo, é muito importante. Olhe nos olhos, tenha empatia e estabeleça uma conexão atrás da conversa. Não ignore ou interrompa a criança. Usar o celular enquanto ele(a) fala, nem pensar.
Dê um bom exemplo
A criança aprende muito a partir dos exemplos. Por isso, trate-a com respeito, mas também sendo firme e confiante. Diga: “Eu não estou gritando, estou te tratando com respeito. Acredito que você também possa me tratar assim”.
Ainda de acordo com a Disciplina Positiva, acredita-se que a criança baseia suas atitudes nas atitudes dos adultos mais próximos, como pais e professores. Assim, não faz sentido cobrar uma postura que a criança não consiga enxergar em sua volta.
Sem julgamentos
Não menospreze os sentimentos da criança. Mesmo que a situação pareça boba para você, leve a sério quando a criança expressa tristeza ou frustração.
Fale de condutas, e não de pessoas
Não julgar também significa avaliar situações, momentos e condutas, e não pessoas. Ao chamar a atenção da criança, foque no problema e ajude-o a melhorar. Além disso, não coloque rótulos no seu filho, como bagunceiro ou chorão, por exemplo.
Jane Nelsen, uma das mais influentes pesquisadoras da Disciplina Positiva questiona “de onde tiramos a absurda ideia de que, para levar uma criança a agir melhor, precisamos antes fazê-la se sentir pior?”. Essa reflexão permite reavaliar nossos processos de educação e criação, sempre buscando melhorá-los.
Gostou de conhecer um pouco sobre a Disciplina Positiva? Lembre-se de que atenção ao tom de voz pode ser a chave para mudanças de comportamento e melhoria da convivência familiar. Comente aqui suas dúvidas e aproveite para conhecer nossa escola! Estamos com matrículas abertas!