Educação InfantilEducacionalEnsino Fundamental I
Por que é perigoso “rotular” as crianças?
É comum que crianças e adolescentes tenham determinadas características exaltadas, sendo muitas vezes classificados dentro de certos padrões de comportamento. É o que ocorre quando dizemos “Fulano é bonzinho, mas o irmão é bagunceiro”, ou “Nossa, ele é muito preguiçoso” ou, ainda, “Meu filho é um gênio”.
Mesmo quando são elogios, esses rótulos são limitantes e acabam fazendo com que o indivíduo não desenvolva plenamente a própria personalidade. Nesse artigo, vamos abordar os riscos e prejuízos de rotular crianças e mostrar como evitar esse tipo de julgamento. Leia para entender mais!
Rotular delimita possibilidades
A personalidade das crianças, e até dos adolescentes ainda, está em processo de desenvolvimento. Isso significa que determinados comportamentos não refletem necessariamente quem é aquela pessoa ou quem ela será no futuro.
Sentir vergonha de conversar com estranhos, gostar de dormir até tarde ou ser muito obediente, por exemplo, são comportamentos que podem mudar com o tempo. São estados pontuais, que não definem personalidade. Colocar a criança na caixinha de “tímido”, por exemplo, é limitante, pois ela não é apenas isso.
Ao adotar rótulos, existe um risco de que, após adulto, o indivíduo tenha dificuldade para se expressar e para obter autoconhecimento, após anos reconhecendo-se dentro daquela caixinha identitária que lhe foi imposta ao longo dos anos.
Além de engessar a identidade, o rótulo também é prejudicial em outros sentidos. As crianças buscam corresponder ao que os adultos esperam delas e, por isso, podem acabar reforçando as características exaltadas, sejam positivas ou negativas.
Um bom comportamento exaltado gera boa autoestima, mas dificuldade para lidar com frustrações no futuro e a necessidade de sempre corresponder à expectativa. Já um rótulo ruim, pode ser simplesmente aceito, sem que a criança veja a possibilidade de mudar.
Como parar de usar os rótulos?
O ideal é trocar o rótulo pelo diálogo. Os comportamentos negativos, como a bagunça, a birra, a teimosia e a preguiça, devem ser compreendidos. Assim, escute a criança e oriente-a. Os pais não precisam concordar com a criança sempre, mas devem validar os sentimentos dela e buscar entendê-la. Assim, converse e, então, explique porque aquele comportamento é ruim e faça com que ela assuma as consequências.
Já os elogios são muito importantes para a auto-estima da criança, mas não devem acontecer no formato de rótulos. Em algum momento a criança pode perceber que a família está exagerando, quando é conhecida como “gênio”, por exemplo, e ficar frustrada ou com medo de decepcionar a todos. Além disso, o rótulo pode gerar um comportamento egocêntrico ou ansiedade pela pressão de corresponder à expectativa.
É necessário entender que, assim como os adultos, as crianças erram e acertam, são ótimas em algumas coisas e ruins em outras. Mas isso pode mudar, os padrões de comportamento não são necessariamente os mesmo em toda a infância ou mesmo durante um dia inteiro.
Por fim, procure conhecer as fases do desenvolvimento infantil. Existem fases em que as birras são mais comuns, fases em que a criança dorme muito e fases podem expressar-se com mais agressividade, por exemplo. Saber disso, facilita na compreensão de determinados comportamentos.
Os rótulos mais comuns
Existem inúmeros rótulos usados inocentemente pelas famílias que ainda não perceberam o dano que eles podem causar. Listamos aqui os rótulos mais comuns, que podem ser prejudiciais, especialmente, quando são aceitos pela criança e reforçados. Algum desses rótulos usado na sua família?
- Bagunceiro (a)
- Teimoso (a)
- Príncipe ou princesa
- Gênio (a)
- Bonzinho (a) ou obediente
- Chorão ou chorona
- Tímido (a)
- Engraçado (a) ou palhaço (a)
- Lerdo (a) ou desligado (a)
Mesmo quando um rótulo é visto como elogio, ele ainda é prejudicial para o desenvolvimento infantil. Nesse caso, a criança sente-se pressionada a não decepcionar a família. Já quando o rótulo é uma crítica ao comportamento, ela tem dificuldade para enxergar o próprio potencial, limitando-se ao estigma.
Lembre-se que a criança ainda tem a vida toda pela frente e inúmeras oportunidades de mudança e evolução. Toda a trajetória escolar, a convivência com amigos e familiares e as experiências de vida podem mudar comportamentos. Por isso, aos adultos cabe tratar comportamentos como comportamentos e não como identidade.
Você conhece alguma criança sob a influência de rótulos? Comente aqui sua experiência! E compartilhe esse artigo no grupo de pais!